Life and death

Legend has it that cats have 7 lives (or 9 in some cultures). And everyone knows that, although deep down people believe that in reality a cat only has one life. If it dies, it dies.

What if this death is not literal? What if this death does not mean that the heart stops beating and the brain stops sending signals to the body?

Apart from that fact that you were a baby, became a child and then became an adult, have you always been the same person? Have you always had the same interests?

I have met people who started a career and continued happily there until they retired. And I believed for a long time in this “constancy” of life, and I thought that was how it should be.

But it wasn’t quite like that for me.

I graduated in Computer Science, specialised in Software Engineering and always believed that my life would be spent behind a computer. Modesty aside, I was a “walking computer”. I worked with numbers very easily and everything that involved logical reasoning was very logical to me, as the name suggests. My grades in math and physics at the end of the year were always above 90, and I worked very hard to get 60 in history and geography. I never memorized formulas for tests; I would arrive at the test and deduce the formulas. So it was very obvious to me which path to follow at that time.

Through IT, I met my first husband. We worked at the same company, two logical minds who thought very similarly. And then came Arthur, this “mini human” who came to teach me that I knew nothing! This aspiring engineer who is now 11 years old and already puts me in the shade with some logical reasoning! He has pedigree! But motherhood changed me a lot, as I believe it does with many women. There are women who have a natural gift for being mothers, but despite loving my son immensely, the adaptation was not at all “constant”. It was not at all obvious. And I tell you it still isn’t! And loving him so much makes things even more complicated because I make a lot of mistakes trying to get it right. Anyway!

I had a very good life, a good job, freelance opportunities, I took one international trip a year, I danced 4 to 5 hours a week, I had my family and many friends close by.

And then Australia came along. We moved to Australia 7 years ago, and we went through this whole adaptation to English, to a new culture. And it was IT that brought us this change too.

Then came the divorce, and soon after that a pandemic.

And between each stage, I find myself reinventing and self-adapting.

Four years ago I met meu gringo. He is part of a world completely different from mine. In every sense. The adaptation of the two cultures in this case was very different, because it was not only in a professional context, but also emotional, such as parents and everything else that involves a romantic relationship.

I believe that my 40s were a very significant turning point in my story. My 30s were significant in terms of my body and metabolism, but my 40s!!! That age was the beginning of a very profound change, very significant in very internal areas, in my essence, in my values! It did not happen in weeks or months, this change has been so significant that it has been dragging on for approximately 3 years.

And suddenly, that girl with a logical and mathematical mind, who sat in front of the computer and solved any problem, who worked in large and renowned companies, wore business clothes and high heels, no longer recognized herself in that “avatar”.

What used to make me feel smart was making me feel anguish and sadness. I would wake up crying every day, wishing I wasn't there anymore.

And that was very strange to me, because in my family, what I knew was “consistency”, remember? I didn't understand what was happening to me. I had heard people talk about “career transition”, but only when they were fired.

My father, himself, worked as an Electrical Engineer (see the pedigree?) for years at Telemig/Telemar, was fired when the privatization happened and passed a very competitive test for the Federal Highway Police, and as soon as he could, he moved to the Engineering area within the Police. See? Even he himself continued in “engineering” until he retired!

Why would I, of my own free will, give up something that I loved so much for almost 25 years? And that provided so many good things in my life!!

Next time, I will come here to tell you about my journey of spiritual awakening and what led me to follow the path I am on today, otherwise this post will be too long.

But tell me, how can you leave a 25-year career without getting fired, “just” because you cry every day when you wake up, wishing from the bottom of your heart that you hadn’t woken up, because you didn’t want to be there anymore? Because you don’t know who you are anymore, and every area of ​​your life is a mess? Because if you’re not whole for yourself, how can you be whole for others?

How all this happened is also a topic for another time, but I finally plucked up the courage and quit. I left the company where I had worked for 7 years and left the career that I had built over those 25 years.

And it was a relief. I needed to rely on a lot of emotional, psychological, and energetic support (mine and from other professionals), and a huge dose of courage.

Today I am beautifully dedicating myself to my career as a Therapist, which I have been building for about 8 years.

And then I remember the analogy of the 7 lives of cats. My heart really hasn't stopped beating, but I haven't been the same person since I can remember. I died and was born again when I became a mother. I died and was born again when I moved to Australia. And this may be the most painful death I've ever experienced, but I died as a Software Engineer to be born as a Therapist. I died working with code and was born to touch souls. And this list goes on and on.

But the fact is, if I've died and been born again several times, I believe with all my heart that cats also have multiple lives.

As Raul Seixas said, "I'd rather be this Walking Metamorphosis than have that old opinion formed about everything." - “Eu prefiro ser essa Metamorfose Ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”

And what about you? Have you spent more than one life in your current life? 😉

Morte e vida

Reza a lenda que gatos têm 7 vidas (ou 9 em algumas culturas). E todo mundo sabe disso, apesar de no fundo no fundo as pessoas acreditarem que na realidade o gato tem uma vida só. Se ele morre, ele morre. 

E se essa morte não for literal? E se essa morte não falar sobre o coração parar de bater e o cérebro parar de enviar sinais para o corpo?

Desconsiderando a parte que você é bebê, se torna uma criança e depois vira adulto, você sempre foi a mesma pessoa? Você sempre teve os mesmos interesses? 

Eu conheci pessoas que começaram uma profissão e continuaram felizes ali até aposentarem. E eu acreditei muito tempo nessa “constância” da vida, e achei que assim deveria ser. 

Só que comigo não foi bem assim. 

Eu me formei em Ciência da Computação, especializei em Engenharia de Software e sempre acreditei que minha vida fosse viver atrás de um computador. Modéstia a parte, eu era um computadorzinho ambulante, eu trabalhava com números com muita facilidade e tudo que era de raciocínio lógico era muito lógico pra mim, como o próprio nome diz. Minhas notas em matemática e física no final do ano eram sempre acima de 90, e história e geografia eu ralava muito pra conseguir os 60. Eu nunca decorei fórmulas para as provas, eu chegava na prova e deduzia as fórmulas. Então foi muito óbvio pra mim qual caminho seguir naquela época. 

Através da TI conheci meu primeiro marido, trabalhamos na mesma empresa, duas cabeças lógicas que pensavam muito parecido. E veio o Arthur, esse “mini gente” que veio pra me ensinar que eu não sabia nada! Esse aspirante a engenheiro que hoje está com 11 anos e já me põe no chinelo com alguns raciocínios lógicos! Tem pedigree! Mas a maternidade me mudou muito, assim como acredito que aconteça com várias mulheres. Tem mulheres que têm um dom natural para serem mães, mas apesar de amar imensamente meu filho, a adaptação não foi nada “constante”. Não foi nada óbvia. E te digo que ainda não é! E amá-lo muito torna as coisas ainda mais complicadas porque eu erro muito querendo acertar. Enfim! 

Eu tinha uma vida muito boa, um emprego bom, oportunidades de freelancer, fazia uma viagem internacional por ano, dançava 4 a 5 horas por semana, tinha minha família e muitos amigos por perto. 

E aí veio a Austrália. Nos mudamos pra Austrália há 7 anos, e passamos por toda essa adaptação ao inglês, a uma nova cultura. E foi a TI que nos proporcionou essa mudança também. 

Veio então o divórcio, e logo em seguida uma pandemia. 

E entre cada etapa e outra, me vejo me reinventando, e adaptando. 

Há 4 anos conheci meu gringo. Ele faz parte de um mundo completamente diferente do meu. Em todos os sentidos. A adaptação das duas culturas neste caso foi bem diferente, porque não era apenas num âmbito profissional, mas também emocional, como pais e tudo mais que envolve um relacionamento afetivo.

Acredito que meus 40 anos foram um divisor de águas muito significativo na minha história. Os 30 foram significativos em termos de corpo e metabolismo, mas os 40!!! Essa foi uma mudança muito profunda, muito significativa em campos muito internos, na essência, nos valores! Ela não aconteceu em semanas ou meses, essa mudança tem sido tão significativa que está se arrastando por aproximadamente 3 anos. 

E de repente, aquela menina de cabeça lógica e matemática, que sentava na frente do computador e resolvia qualquer questão, que trabalhou em grandes e renomadas empresas, vestia roupa social e salto alto, não se reconhecia mais naquele “avatar”. 

O que antes me fazia sentir inteligente, estava me fazendo sentir angústia e tristeza. Eu acordava chorando todos os dias, desejando não estar ali mais. 

E aquilo era muito estranho pra mim, porque na minha família o que eu conhecia era a “constância”, lembra? Eu não estava entendendo o que estava acontecendo comigo, já tinha ouvido pessoas falarem em “transição de carreira”, mas só quando eram demitidas. 

Meu pai mesmo, trabalhou como Engenheiro Eletricista (olha aí o pedigree) por anos na Telemig/Telemar, foi demitido quando aconteceu a privatização e passou num concurso para Polícia Rodoviária Federal, e assim que pode, migrou para área de Engenharia dentro da Polícia. Tá vendo? Até ele mesmo continuou na “engenharia” até aposentar! 

Porque eu, por livre e espontânea vontade, iria largar algo que eu tanto amei por quase 25 anos? E que proporcionou tanta coisa boa na minha vida!! 

Numa próxima oportunidade, eu venho aqui contar da minha jornada no despertar espiritual e o que me levou a seguir o caminho que eu trilho hoje, pra não me delongar demais. 

Mas me diz aqui, como abandonar uma carreira de 25 anos, sem ser demitida, “apenas” porque você chora todos os dias ao acordar, desejando do fundo do seu coração que não tivesse acordado, porque não queria estar ali mais? Porque você não sabe mais quem você é, e todas as áreas da sua vida estão um caos? Porque se você não está inteira pra você, como estar inteira para os outros? 

Como isso tudo aconteceu, também é papo para um outro momento, mas finalmente tomei coragem e pedi demissão. Larguei a empresa na qual trabalhei por 7 anos e larguei a carreira que construí ao longo desses 25 anos. 

E foi um alívio. Precisei contar com muito suporte emocional, psicológico, energético (meu e de outros profissionais), e uma dose cavalar de coragem. 

Hoje estou me dedicando lindamente a minha carreira de Terapeuta, que venho construindo há mais ou menos uns 8 anos. 

E aí me lembro da analogia às 7 vidas dos gatos. Realmente meu coração não parou de bater, mas eu não sou a mesma pessoa desde que eu me entendo por gente. Eu morri e nasci de novo quando me tornei mãe. Eu morri e nasci de novo quando me mudei para a Austrália. E talvez essa seja a morte mais dolorosa pela qual eu passei até então, mas eu morri como Engenheira de Software para nascer como Terapeuta. Eu morri de trabalhar com código e nasci para tocar almas. E por aí vai. 

Mas o fato é, se eu já morri e nasci de novo várias vezes, eu acredito com toda a minha alma que os gatos também têm múltiplas vidas. 

Como dizia Raul Seixas “Eu prefiro ser essa Metamorfose Ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”. 

E você? Já utilizou mais de uma vida na sua vida atual? 😉